CVM faz exigências para a Cetip ficar com GRV Solutions
Para concretizar a compra da GRV Solutions, companhia que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), a Cetip deverá demonstrar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que a empresa preservará sua capacidade de atender suas atividades no mercado de balcão. Essa decisão foi dada pelo colegiado da autarquia no dia 14 de dezembro. A Cetip também deverá apresentar à CVM até 31 de janeiro um plano de segregação entre as atividades que já eram da Cetip e aquelas fazem parte da GRV.
A preocupação da CVM é que os novos serviços que vão ser prestados pela Cetip venham a prejudicar a principal atividade do mercado organizado de balcão. Como os ambientes de negociação de títulos mobiliários são regulados pela autarquia, ela tem poderes para aprovar novas atividades incorporadas. Por isso, a CVM passará a acompanhar mais de perto as atividades da Cetip.
A partir de dados apresentados pela Cetip, a área técnica da CVM identificou que a GRV terá um peso significativo na Cetip depois da incorporação. Uma simulação mostrou que a nova companhia teria tido no ano passado R$ 577 milhões de receita bruta, sendo que a maior parte, R$ 314 milhões, partiria da GRV.
A autarquia, segundo parecer da área técnica, não se opõe à compra da GRV, porém afirma que a operação não é necessária ao funcionamento da Cetip, ligada ao setor de valores mobiliários. Em pesquisas feitas com outras empresas semelhantes no exterior, a CVM não encontrou casos de aquisição de outra empresa em um setor de atuação diverso.
“A concretização da operação tem como consequência imediata a quase duplicação da estrutura da Cetip, cujos efeitos deverão ser administrados por um comitê de integração”, afirmou a área técnica em seu parecer.
Outra preocupação da CVM está no grau de alavancagem que a Cetip atingirá ao comprar a GRV. A aquisição da GRV por R$ 2 bilhões foi anunciada pela Cetip no dia 1º de dezembro, sendo que R$ 1,6 bilhão será pago em dinheiro e o restante em ações. Parte disso será quitado com a emissão de R$ 900 milhões em debêntures. O diretor da CVM, Otávio Yazbek, discordou da posição da área técnica de que as atividades da Cetip e da GRV não estão ligadas, mas também propôs medidas que preservem o negócio com valores mobiliários.
Fonte: Carolina Mandl, Valor Economico