TOV recebeu R$ 283 mi de empresas suspeitas
Relatório de análise de dados bancários elaborado pelo núcleo de inteligência financeira do Ministério Público Federal (MPF) a pedido da força-tarefa da operação Lava-Jato, revelou que a TOV Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários, sediada em São Paulo, foi destinatária de pelo menos R$ 283 milhões repassados por operadoras e empresas investigadas por suspeita de vínculo com o esquema criminoso de lavagem de dinheiro e evasão de divisas com uso de “offshores” – que, segundo a Polícia Federal (PF), era comandado pelo doleiro Alberto Youssef e por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras. Os dois são os alvos principais da investigação federal que apura ainda suspeita de formação de cartel de empreiteiras e tráfico de influência de políticos e parlamentares para aquisição de contratos com a estatal em certames agora colocados sob suspeita.
A investigação da Lava-Jato afirma que a corretora TOV, de propriedade de Fernando Heller, operava para Nelma Kodama, doleira que está presa e responde pela prática de crimes financeiros e por formar organização criminosa. A doleira seria a líder de um dos quatro principais grupos de doleiros que davam suporte ao esquema paralelo de Youssef, segundo a PF. Acusação do MPF confere a Nelma responsabilidade pela remessa de mais de US$ 100 milhões ao exterior por meio de importações fictícias.
Quebras de sigilo bancário indicaram que o sistema que abasteceu a TOV teve como principais fontes de recursos empresas de importação de fachada com controle atribuído a Nelma, como Kaizen, Eqmed e Silva & Andrade, segundo a investigação. Essas empresas repassavam a uma filial e à matriz da TOV valores recebidos de factorings e pequenas corretoras. Chamou a atenção da perícia o fato de a TOV concentrar a maior parte dos repasses dos recursos rastreados.
O MPF e a PF afirmam que a etapa seguinte da cadeia era a transferência dos valores a empresas controladas por Youssef, como a MO Consultoria e Laudos, GFD Investimentos e Quality Holding Participações. Seriam a ponte para cinco offshores abertas no exterior, destinatárias finais do dinheiro evadido do Brasil, segundo os autos dos processos criminais: a DGX Import e Export Limited, Asia Wide Engineering Limited, Sanco Trading Limited, RFY Import & Export e Legend Win Enterprises.
Leia mais em:
http://www.valor.com.br/financas/3694480/tov-recebeu-r-283-mi-de-empresas-suspeitas#ixzz3DNRmf1Ob