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Exposição a setores com risco de calote impacta Banco Pine

Conceder empréstimos para empresas do setor de construção e produtoras de açúcar e álcool costumava ser um grande negócio para o Banco Pine SA.

Agora, exposição a tais setores está prejudicando a capacidade do banco de se financiar no mercado de bonds.

Os custos de captação do banco mais que dobraram em relação aqueles de mercados emergentes depois que a Moody’s Investors Service reduziu seu rating para um nível abaixo do grau especulativo.

A 13 por cento, os bonds do Pine hoje são considerados na categoria conhecida como “distressed”.

Investidores estão perdendo a confiança no Pine à medida que avança a maior investigação de todos os tempos no Brasil envolvendo o setor de construção, enquanto a queda do preço do açúcar leva mais produtores ao calote.

Os dois setores combinados respondem por um quarto dos empréstimos do Pine e a preocupação é de que a inadimplência poderá subir e reduzir gradualmente seu capital, segundo a Fator Corretora.

“Construtoras e as empresas de etanol estão enfrentando dificuldades grandes, e as coisas não devem melhorar muito no curto prazo”, disse Samuel Torres, analista da Fator, corretora com sede em São Paulo. “Nós estimamos provisões mais elevadas e que custos de captação deverão subir para o Pine”.

A assessoria de imprensa do Pine disse em um comunicado enviado por e-mail que o banco reitera sua política conservadora na administração de sua carteira de crédito, e que a maior parte dos empréstimos concedidos ao setor de construção se refere a desenvolvedores de projetos residencias e comerciais.

Apenas cerca da 3% de sua carteira são empréstimos a companhias que, de alguma forma, estão sob a investigação, disse o banco.

As notas subordinadas do Pine tiveram um declínio de 3,8 centavos, para 91,95 centavos de dólar, desde que a Moody’s reduziu seu rating em um nível, para Ba2, no dia 26 de janeiro.

Os bonds caíram 8,3 centavos em janeiro, pior desempenho para um único mês desde sua emissão em 2010.

Bancos semelhantes

As empresas dos setores de construção, açúcar e álcool responderam por 26 por cento dos empréstimos do banco em setembro, maior fatia no Brasil, segundo a Moody’s. Esse percentual se compara com 14,5 por cento no Banco Industrial e Comercial SA, conhecido como Bicbanco, e a menos de 6,5 por cento no Banco Daycoval SA.

O nível de capital de Tier 1 do Pine, uma medida da força financeira em bancos, caiu para 12,4 por cento no terceiro trimestre, contra 13,7 por cento um ano antes.

Algumas das maiores empresas de construção do país estão sendo investigadas porque teriam subornado funcionários da Petrobras para conseguir contratos de infraestrutura.

Duas produtoras de açúcar e etanol deram calote nos últimos 12 meses em meio a uma queda no preço do açúcar e de uma política do governo que torna o combustível menos competitivo no mercado.

Investidores têm demonstrado cautela em relação aos bancos brasileiros de médio porte desde ao menos setembro de 2012, quando o Banco Central anunciou que liquidaria o Banco Cruzeiro do Sul SA, desencadeando o maior calote do mercado latino-americano de bonds em mais de 10 anos e aumentando a preocupação de que mais instituições de médio porte estavam em risco.

Um mês depois, a autoridade assumiu o controle do Banco BVA SA em meio à piora de sua situação financeira.

Diferentemente de outros bancos brasileiros de médio porte, o Pine não fez parcerias com instituições financeiras maiores para melhorar as suas condições de competição no mercado interno.

Enquanto a falta de parcerias e a exposição a setores considerados de risco levaram geram precaução quanto à perspectiva da instituição financeira, o banco tem adotado uma postura mais cautelosa em relação aos novos empréstimos, segundo Gilberto Tonello, analista do setor bancário na GBM Grupo Bursátil Mexicano.

A taxa de contratos em atraso acima de 90 dias do Pine caiu para 0,1 por cento no fim do terceiro trimestre, contra 0,2 por cento nos três meses anteriores. Dois anos antes, era de 0,4 por cento.

A desaceleração da maior economia da América Latina pode representar mais desafios às perspectivas para o Pine, segundo Alexandre Albuquerque, analista da Moody’s.

Desde a reeleição da presidente Dilma Rousseff, em outubro, o Banco Central do país elevou as taxas de juros três vezes para conter a inflação.

Economistas reduziram a projeção para o crescimento do produto interno bruto neste ano de 0,38 por cento para 0,13 por cento, segundo uma pesquisa do BC com cerca de 100 analistas publicada no dia 26 de janeiro.

“Vai ser difícil”, disse Albuquerque, de São Paulo. “O banco deverá enfrentar dificuldades com o Brasil crescendo menos no curto prazo e os bancos de médio porte enfrentando dificuldades para crescer ao mesmo tempo em que apresentam provisões mais elevadas”.

Leia mais em: http://exame.abril.com.br/economia/noticias/exposicao-a-setores-com-risco-de-calote-impacta

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.

One thought on “Exposição a setores com risco de calote impacta Banco Pine

  • JOSE FRANCISCO MIRANDA

    Não há Banco solitário. Quando um vai à bancarrota, vão outros em seguida.
    Tal é o quadro que se descortina no país. Uma situação sem precedente.
    A história bancária deste gigante, sem dúvida, ficará marcada pelo morticínio que não tem data para acabar.
    O pior de tudo: a quebra bancária contagia outros setores da economia.
    Ainda que pareça, não se trata de um vaticínio pessimista; mas da constatação que se vai moldando a cada dia, tornando-se certeza de prejuízo irrecuperável. Um dano ao patrimônio de todos e não somente daqueles diretamente afetados.
    Basta fazer parte do conjunto chamado nação, do qual não se excluem aqueles vindos de fora, para tornar-se vítima da vigente sucção do alheio em prol de quem está por cima.
    Quanto aos estrangeiros, apresentam a vantagem da localização próxima à porta de saída; talvez por isso consigam libertar-se com mais facilidade, recuperando ou não o patrimônio investido. Disso nada se sabe. Mas o certo é que para cá se recusarão a voltar; além disso, instruídos pela consciência, recomendarão aos seus congêneres a maior distância possível deste território.
    Na matéria (Exposição a setores com risco de calote impacta Banco Pine), o histórico da quebradeira não mencionou o Banco Morada. Este é da maior importância, pois deu início à série de liquidação extrajudicial voltada ao fornecimento da prestação de serviços de liquidação, a preço exorbitante, pela empresa ligada à diretoria à época do FGC, nomeada pelo BC para administrar os bancos em bancarrota.
    Assim, o Cruzeiro do Sul não foi o primogênito entre os bancos liquidados; mas sim aquele cuja quebra mais chamou a atenção, pelo modo de arrebatar todo o valor aplicado pelos investidores, fossem estes nacionais ou estrangeiros, pequenos ou grandes.
    Os novos administradores do Cruzeiro, com o know-how obtido no Morada, trataram de aperfeiçoá-lo com maestria. Pagaram milhões à própria empresa de liquidação, exageraram o rombo, elevando-o à enésima potência, para justificar seus atos e obter mais vantagens. Até mesmo, chegaram a tomar o antigo endereço do Cruzeiro do Sul para sediar a própria empresa, apossando-se da mobília, de toda a decoração e de qualquer coisa que fosse útil ao afã de enriquecer a qualquer custo.
    É duro tomar ciência de que essa situação nefasta foi implantada por um outro ser humano, com o qual compartilhamos este Grande Universo.
    De qualquer modo, ampliar o conhecimento torna-se cada vez mais necessário, pois a quebradeira bate à porta e, chegando, que menos prejuízos consigam causar.

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