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Caso Petrobras: Escândalo põe auditor na zona de risco

PetrobrasÉ provável que PricewaterhouseCoopers nunca tenha enfrentado uma situação como essa. Contratada como auditor independente pela Petrobras, ela está diante de um escândalo de grandes proporções depois que um diretor de primeiro escalão resolveu contar detalhes de um esquema bilionário, que funciona pelo menos desde 2006, de desvio de dinheiro na maior empresa da América Latina.

O que fazer agora com esses números todos aprovados nos últimos anos por todos os auditores que passaram pela empresa? Ficou difícil até mesmo fazer o básico do trabalho de auditoria, dizer que o balanço respeita as normas contábeis. O que fazer com os 3%? É investimento ou despesa?

A Petrobras é um cliente importante, mas as grandes firmas de auditoria têm grandes clientes no mundo todo e, principalmente, têm um nome a zelar. Não faz tanto tempo que a mais conceituada delas, a Arthur Andersen, quebrou depois que foram descobertas as falcatruas da empresa de energia americana Enron. Posteriormente, a Arthur Andersen foi inocentada pela Justiça, mas já era história. O que vale para as auditorias é a credibilidade. Não que elas não forcem os limites em busca de rentabilidade, porém há um momento em que isso passa a ser arriscado demais.

Parece que foi isso que aconteceu na Petrobras. O fato de a empresa ter ações no mercado americano amplifica o escândalo e a PwC não vai querer que os reguladores venham ao seu encalço (se já não estão). Desde a Enron e das outras grandes fraudes do início de 2000, os auditores perderam o poder de autorregulação e vivem desde 2004 sob a constante vigilância de um órgão regulador específico, o PCAOB, que faz visitas não muito amigáveis aos escritórios das firmas no mundo todo, e o Brasil também está nessa rota.

Se a situação chegou ao ponto de o auditor pedir a cabeça de um diretor ou “ameaçar” não assinar as contas, como foi noticiado, a situação de descontrole na Petrobras é de fato inédita. É normal que auditor e empresa tenham opiniões divergentes, e isso pode empurrar a data de fechamento do balanço. Se não chegarem a um acordo, o auditor pode defender seu nome com uma ressalva no parecer, algo como “eu avisei”. Pode, em casos extremos, recusar-se a assinar. É raro, mas ocorre em empresas com sérios problemas de gestão ou atoladas em disputas societárias, por exemplo, em casos em que o auditor não consegue sequer checar os dados que lhe são apresentados.

Sobraram estilhaços para o auditor da bomba que explodiu na Petrobras depois que vieram a público os depoimentos de Paulo Roberto Costa. Não dá para o auditor ignorar algo dessa magnitude (ou “materialidade”, como dizem), por mais que confie nos controles da empresa. Bom que seja assim, porque pelo menos em casos extremos o auditor, um dos guardiães dos interesses dos acionistas, faz valer sua presença, mesmo que seja para salvar a própria pele.

Leia mais em:

http://www.valor.com.br/empresas/3764748/escandalo-poe-auditor-na-zona-de-risco?

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.

2 thoughts on “Caso Petrobras: Escândalo põe auditor na zona de risco

  • ÉRICA

    Hoje se sabe que as irregularidades vem de muito tempo. Bem antes de 2006.

    Portanto, pergunto: SÓ A PRICE ???

    E a KPMG, que auditou a PETROBRÁS de 2006 até, pelo menos, 2011 e também não encontrou nada errado ?

    No mínimo 5 anos de auditoria e a KPMG não vê nada, não sabe de nada, acha tudo perfeito ?

    Lembrando que a KPMG era auditora do falido BANCO BVA (com PASSIVO A DESCOBERTO DE 6 BILHÕES) e TAMBÉM NÃO ENCONTROU NADA – a despeito de constar no RELATÓRIO DO BANCO CENTRAL que um dos sócios fazia SAQUES EM DINHEIRO de cerca de 450 MIL POR SEMANA direto da BOCA DO CAIXA (ia carro forte entregar o dinheiro para ele), além de outros absurdos do gênero e ninguém achou estranho, NADA DISSO CONSTOU DA CONTABILIDADE e MUITO MENOS das AUDITORIAS.

  • Cristina

    Trabalhei na PWC e sei que é uma empresa de conduta inquestionável. Preza em fazer bem feito seu trabalho. Sei que não faz parte dessa corja do Lava Jato. Acredito que omitiram dados preciosos para que a PWC pudesse realizar seu trabalho com precisão. Trabalhei lá por sete anos e nunca soube de qualquer fato que desonrasse o nome da Price Waterhouse. É lastimável ver o nome de uma empresa como a PWC envolvida em um escândalo como esse. Sei que isso será superado pois a PWC é uma grande empresa. A melhor em seu ramo, com profissionais gabaritados e que dão o máximo de si para realizar bem seu trabalho.
    Cristina Mota.

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