Bamerindus tem liquidação encerrada após ser vendido ao BTG Pactual
O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, declarou encerrada a liquidação extrajudicial do Banco Bamerindus do Brasil e empresas correlatas. O regime especial foi decretado em 1997.
De acordo com o Ato do Presidente número 1.286, o fim da liquidação leva em conta “a aquisição do controle acionário da sociedade, que propicia a retomada de suas atividades econômicas sob nova administração, com alteração da denominação social para BSPE Participações e Empreendimentos”.
Em janeiro do ano passado, o BTG Pactual fechou a compra do Bamerindus por R$ 418 milhões. O dinheiro será pago ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC), maior credor do banco, em cinco parcelas anuais.
O maior atrativo do Bamerindus eram seus créditos tributários. Com eles, o grupo BTG, que opera com lucro, poderá reduzir os impostos a pagar.
Em julho desde ano, a operação foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A marca Bamerindus, que pertence ao HSBC, ficou fora do acerto de compra.
Negócio
Além dos cerca de R$ 2 bilhões em créditos tributários, o BTG também se interessa pela carteira de créditos em execução judicial.
Quando o negócio foi anunciado, o banco informou que a operação envolveu “a aquisição dos direitos creditórios e ativos detidos pela instituição, que serão utilizados futuramente no contexto das atividades de crédito do BTG Pactual”. Ficou de fora a marca Bamerindus, que pertence ao HSBC.
Os créditos tributários poderiam ser aproveitados para abater o pagamento de impostos do grupo. Até então, esses ativos estavam dormentes no Bamerindus e só poderiam ser ativados depois que o banco saísse da liquidação.
Não é apenas esse, porém, o interesse do BTG. Passada uma década e meia desde a intervenção do BC, a percepção é que o Bamerindus ainda tem uma carteira de crédito em execução judicial valiosa, além de imóveis dados em pagamento por devedores.
A aposta do BTG é que, fora do processo de liquidação, esses ativos possam ser geridos de forma menos engessada, gerando valor.
A compra do Bamerindus viabilizou o pagamento de 100% dos credores. Com o dinheiro, foram pagos o BC, o Tesouro Nacional e o FGC.
(Colaborou Carolina Mandl)
Leia mais em:
Quando saem do cativeiro, tanto o Bamerindus quanto os demais liquidados, passam a gerar valores transparentes, até então nebulosos, ocultos e inacessíveis a todos. Não há dúvida disso, muito menos de que as importâncias geradas são expressivas. Afinal, evidencia-se que o critério para a escolha, na liquidação, é justamente a capacidade produtiva. Ilustra bem o caso do Banco Cruzeiro do Sul, que fez vários bilionários, depois de ter enriquecido os antigos donos, e agora começa a contemplar os investidores com um naco do montante que restou das sobras.
Vale lembrar também que o Cruzeiro, eleito pela ampla discricionariedade do Bacen, terá o tempo de cativeiro determinado pelo mesmo. Contudo, aos investidores desse Banco, inicia-se a entrega da autorização para respirar, com um pouco mais de folga, e igualmente a distribuição da licença para mirar à frente, aos lados e até para cima. O que não se sabe, entretanto, é se, depois de tanto tempo em absoluta escuridão, para impedi-los de assistir à cena do Interesse Particular travestido de Público, terão capacidade de abrir os olhos e enxergar, pois há muito perderam a noção de sua condição humana, conhecendo-se desde o decreto liquidatório tão somente como Bem Público para os atos negociais do Bacen.